Certa vez existiu um jovem rapaz que era bastante especial. Tinha alguns amigos, que reunia de vez em quando para estudar. Era um jovem bastante dedicado, tanto no colégio quanto em sua própria igreja, que se dedicava bastante. Um dia, por azar do destino, como muitos gostam de dizer, o pai desse menino sofreu um acidente e veio a falecer. Preocupado, um dos amigos do pai do menino, resolveu então adota-lo, conseguiu seu primeiro emprego, e resolveu cria-lo como seu próprio filho. Em certa ocasião, quem sabe por uma inspiração divina, esse mesmo Tio resolveu criar uma organização de jovens que fosse capaz de formar lideres e homens de bem, futuros cidadão de um país. Reuniu alguns amigos do jovem, que se chamava Louis Lower, e a partir daquele momento nasceu a
nossa querida Organização, sagrada com o nome de Ordem DeMolay.
Poderia parecer sinistro dizer que se o Pai de Lower não viesse a falecer, talvez eu não estivesse aqui hoje dizendo essas palavras. Talvez se nosso querido Tio Land não o tivesse
conhecido, ou mesmo a seu pai, não existiria hoje essa tão enorme Ordem, presente em tantos países com milhares de Irmãos seguindo os mesmos princípios até hoje. Talvez fosse uma coisa do destino, ou vontade de nosso Pai celestial, que tinha que acontecer, tinha que existir, e felizmente hoje é o que é.
Existiu também outro jovem, que teve uma infância pobre. Teve força suficiente para resistir a pressão de seus amigos em seu bairro, que o induziam ao mundo obscuro. Também um dia entrou nessa mesma Ordem, e nela reaprimorou toda sua moral e ética. Esse jovem cresceu, se tornou um político, um líder, um Presidente dos Estados Unidos da América. Seu nome era Bill Clinton. Há alguns meses atrás li uma reportagem que Bill dizia que havia experimentado maconha em sua juventude, porem achou horrível e resolveu nunca mais usar. Talvez se esse nosso irmão, em sua juventude, tivesse se adentrado no mundo das drogas, ele não chegaria aonde chegou. Quem sabe se ele não tivesse sido DeMolay ele teria chegado lá? São perguntas que nunca teremos respostas, pois a cada momento de nossas vidas traçamos o nosso destino.
Muitas vezes essas atitudes que tomamos são tão pequenas que nem nos damos conta. Quantas coisas pequenas já mudaram o destino da Humanidade? Mesmo um acidente em uma caçada? Nós somos os líderes de amanhã. Não só pelo fato de sermos DeMolays, mas pelo fato de sermos simples jovens. Se pararmos pra pensar em cada atitude que tomamos pode parecer perda de tempo, porem pode decidir o destino de uma vida, ou de várias. Fala-se muito em destino. O que significa destino? Abrindo o dicionário, vemos o significado de “lugar ou situação final de uma ação ou objeto”. De uma forma mais prática, pensemos em uma carta. Nós a escrevemos para um destinatário, para um destino prédefinido. Destino esse que é decidido por nós, que será e é diariamente escrito por nós em nossas vidas diárias. Ora, se erramos um número em um CEP, ou mesmo um dado em um endereço, por mínimo que seja, essa carta não chegará onde deveria. E ela se perderá, perdendo até seu próprio sentido de existir, que é chegar ao seu destinatário final. Se pararmos para pensar aonde queremos chegar na nossa vida, que importância nós temos nesse mundo, devemos não só nos preocupar que o nosso próprio destino seja alcançado, mas também de todos aqueles que amamos, que conhecemos, e mesmo os que não conhecemos, seja um desconhecido, um inimigo, ou quem quer que seja. Ele também tem seu destino a cumprir, também tem suas chances de traçar sua vida, de errar, de se corrigir, de ir e vir. Todos têm o direito básico de viver.
Como líderes de amanhã, temos que ser conscientes que muitos destinos estarão em nossas mãos. Muitas decisões terão que ser tomadas, e muitas podem mudar a vida de uma pessoa, ou mesmo de toda a Humanidade. Muitas pessoas passam pela nossa vida e nem percebemos, e de certa forma acabamos mudando completamente o destino de sua vida, assim como muitas pessoas acabam mudando o destino da nossa. Novamente repito: muitas vezes em atitudes tão pequenas que nem percebemos, ou às vezes julgamos serem atitudes corretas e justas. Já dizem as Leis Naturais: qualquer comentário ou ação deve ter razão, bom senso e boa intenção. E muitas vezes essas leis passam desapercebidas, acabamos tomando certas atitudes que simplesmente não nos preocupamos, nem ligamos ou nem sequer notamos. E pode ter conseqüências enormes que nunca poderemos mudar, pois naquele momento mais uma vez o destino foi alterado, seja para melhor ou pior.
Em nossa Ordem temos muito que aprender e ensinar com nossas atitudes. E muitas delas são pequenas. Vejamos nossas sete virtudes, nossos símbolos e luzes que seguimos e pregamos em
nossas vidas diárias, como acabam sendo tão importantes com coisas pequenas. Nosso Amor filial. Muitas coisas pequenas que poderíamos fazer, como um beijo de boa noite, gestos de carinho, afeto, podem retribuir e trazer felicidade para as pessoas que mais nos amam, nossos pais. Quantos gestos pequenos, como brigas, desgostos, intrigas, acabam nos afastando diariamente deles. Quantas pequenas coisas, ou grandes coisas, são capazes de decidir uma vida. Vale lembrar que somos frutos do amor de nossos pais, e foi em uma pequena ação que viemos parar nesse mundo. Se nossos pais não se conhecessem, ou se não se gostassem, se não houvesse o ato matrimonial entre eles, nós simplesmente não existiríamos. E se não houver retribuição desse carinho e afeto, onde estará nosso agradecimento ao fato de poder existir, e sermos dignos de ter esse amor filial, infinito e sem motivo de existir?
Nossa segunda virtude, a Reverência pelas Coisas Sagradas. Muitas e muitas vezes duvidamos da fé de pessoas que nos cercam, muitas vezes desrespeitamos essa fé. Quantas vezes nos sentimos mal e incomodados quando um pregador, repito, um pregador, entra em um ônibus para pregar a Palavra de Deus? Quantos são vaiados, humilhados, desrespeitados? Quantas vezes pisamos nesse Templo com pensamentos impuros, com brincadeiras podres, com atitudes blasfêmias e insolentes no Local mais Sagrado de nossa Mãe Maçonaria? Quantas vezes deixamos de lado nossa fé, ou simplesmente esquecemos que somos filhos de só um Pai? Quantas vezes esquecemos que um homem foi capaz de dar sua vida nos livrar do pecado? Quantas vezes julgamos os pecados dos outros, se esquecemos de olhar os nossos?
Nossa terceira vela é a Cortesia. O que é cortesia? São atitudes que tomamos para tornar as nossas vidas e as vidas do próximo mais agradável. Muitas dessas atitudes são muito pequenas, muitas vezes puras, porem com um efeito enorme. Quanto vale o sorriso de um idoso ao lhe oferecer um lugar no ônibus? Quanto vale a satisfação de uma pessoa a trata-la com palavras e atitudes doces? Quantas mulheres nos são eternamente gratas por toda a
educação e respeito que as oferecemos? Quantas coisas tão pequenas, que não nos custam nenhum sacrifício, são capazes de tornar o mundo um lugar melhor para se viver?
O companheirismo. Nossa quarta vela, a que fica no centro das sete. A virtude mais bela e direta, a que interfere diretamente na vida e destino do próximo, seja seu irmão, seu amigo, ou quem quer que seja. Não vejo melhores palavras para descreve-la do que as palavras finais de nossa cerimônia das Luzes: “No entanto, cada um de vós, sendo DeMolay, trazei dentro de vosso coração uma chama. Um facho para vos guiar através da escuridão. Se puderdes fazer
aquela luz brilhar sobre outra pessoa, se puderdes penetrar nas profundezas mais recônditas de sua alma e acender a chama que ali está, então, ali reside e finalidade da Ordem DeMolay. Aí está a vossa finalidade de viver.” Quantas vezes machucamos nossos irmãos? Quantas atitudes deixamos de tomar por inveja ou orgulho, medo ou preconceito, intolerância ou ingratidão? Quantos amigos e irmãos são tirados de nós, e não podemos dizer tudo o que sentimos por eles? Quantas pessoas tão maravilhosas simplesmente evitamos porque a julgamos por seu passado, por sua aparência ou por sua atitude? Quantas vezes somos incapazes de virar para um irmão e dizer que o amamos, e o fazer saber que pode contar com você para o que der e vier? Quantos de nós somos realmente capazes de ser um verdadeiro amigo, de dar a vida por um amigo, ou apenas de lhe dar bom dia?
Não muito distante temos a virtude da Fidelidade. Fidelidade requer confiança, carinho e amor pelo que devemos ser fiéis. Não somente ser fiel da boca pra fora, mas ser na prática. Ser fiel não é só deixar de trair sua namorada, se você trai está traindo uma confiança em você depositada, um amor em você acreditado, uma vida a você dedicada. “Ah, mas ela nunca vai descobrir...”; mesmo que não descubra, se você conseguir colocar a cabeça no travesseiro de dormir, demonstrará não merecer amor muito menos confiança de uma pessoa que se tem um relacionamento, e que é importante para nós. Ser fiel também em suas atitudes, sempre dar o máximo de você. Ser fiel a sua palavra, a seu Deus. Cabe lembrar o maior exemplo de fidelidade que temos, que trazemos cerrados em nossos lábios e em nosso coração, a nobre fidelidade de Jacques DeMolay, que preferiu morrer a trair seus companheiros ou a faltar
com sua palavra?
Talvez eu não seja a melhor pessoa para falar sobre a virtude da Pureza, pois tenho um vício bastante impuro. Mas cabe a cada um de vós pensar nos vícios que temos, seja a bebida, o cigarro, ou tudo que é contra a saúde e a nobreza do espírito. Mas cabe lembrar também que não se trata somente de impurezas carnais, muitas de nossas atitudes e palavras são impuras. Evitemos sempre as palavras impuras, tão presentes na sociedade que vivemos. Evitemos nossos pensamentos e vontades impuras, maldosos, até mesmo impiedosos, e lembremo-nos sempre que um coração puro depende de nossa moral. Lembremo-nos sempre da pureza das palavras e ações de Jesus, que mudou o mundo com humildade e amor no seu coração.
O patriotismo, nossa última vela, é uma das virtudes mais difíceis de se explicar, porém uma das mais fáceis de se seguir. O amor a pátria não significa ser só capaz de dar a vida por ela,
pois existe um patriotismo de paz mesmo se estivermos em tempo de Guerra. Amemos e respeitemos nossa bandeira e tudo o que ela representa, amemos e protejamos a nossa natureza, cumpramos e façamos cumprir todas as Leis de nossa sociedade. E tomemos
atitudes pequenas, como respeitar e dar valor a nossa língua, a nossa enorme cultura, a nossos conterrâneos e compatriotas, formando assim uma nação forte e rica. Muitas outras atitudes devemos sempre nos preocupar, principalmente aquelas que interferem diretamente na vida dos outros. A tolerância, virtude tão enfatizada em nossa Mãe Maçonaria, às vezes nos passa despercebida. Quantas vezes julgamos atitudes de nosso próximo, esquecendo que todo humano tem o direito de errar? Quantas vezes não paramos pra pensar que se
estivéssemos no lugar dessas pessoas, poderíamos ter agido bem pior? Quantas vezes esquecemos as palavras de Jesus: “atire a primeira pedra que nunca pecou”? Às vezes formamos conceitos sobre alguns assuntos que nem pensamos sobre ele, tomando atitudes
impensadas e muitas vezes erradas, influenciando enormemente no destino das pessoas? Quantas vezes esquecemos a humildade, e nos tornamos arrogantes? Quantas pessoas tão especiais passam pela vida da gente, e quantas vidas nós somos capazes de mudar? Cabe a
cada um de nós parar para refletir em nossas atitudes, não só em nossas vidas, mas também com as outras pessoas, pois somos responsáveis não só pelo nosso destino, mas também pelo destino do mundo e de todos os que nos cercam. Paremos para refletir quão curta é a nossa existência do mundo, e quão importante ela é.
Paremos para pensar que tudo na vida existe por um motivo, tudo tem seu próprio destino, e cabe a nós interferir da melhor forma possível para que ele seja alcançado, ou mesmo não interferir quando vier a prejudicar de qualquer forma. Paremos então para entender uma velha frase de um sábio Poeta que já escutamos tanto, e muitas vezes não pensamos em seu significado: “No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho...”
Retirado do Original: Em Busca do Santo Gaal
Original; http://demolayhojesempre.blogspot.com/